Apesar de Cruz Alta ainda ser uma das cidades do interior que mais possui prédios do século XIX e do início do século XX em pé, é simplesmente alarmante a quantidade de prédios antigos, de arquitetura ímpar, que foram "tombados" por patrolas nos últimos 20 anos, em prol de um "progresso" invisível, que mais poderia ser chamado de "placebo econômico".
Um dos episódios mais lamentáveis foi, sem sombra de dúvidas, a demolição do Solar dos Costa, construído por Edvaldo Carpes, em torno de 1918. Edvaldo mal tinha acabado de finalizar o prédio, acabou falindo e vendendo a casa ao gerente do Banco Pelotense, Sr. Marcos Costa.
Detalhes da escadaria |
O casarão era riquíssimo em detalhes arquitetônicos, com belas sacadas, jardim lateral, e 3 bem distribuídos pavimentos. O Sr. Costa havia também contratado um artista de Pelotas para pintar quadros em várias paredes internas e externas.
Além da beleza, o casarão se destacava pelo seu valor histórico, pois, como já foi dito em matérias anteriores, chefes políticos do estado costumavam se reunir em Cruz Alta - mais especificamente nesta residência - para decidir os rumos do Rio Grande do Sul; como na ocasião registrada logo abaixo, onde vemos o Chefe Estadual Borges de Medeiros, acompanhado de seu séquito, na escadaria da Mansão Costa. Pode-se observar também, ao fundo, alguns painéis pintados nas paredes.
Detalhes das sacadas |
Parte lateral esquerda, onde pode-se averiguar os 3 pavimentos |
Parte lateral direita |
Mais uma vez, venceu a ganância e a ignorância de nossa gente, totalmente despreparada para zelar por um importantíssimo e vasto acervo arquitetônico que possuimos - ou a palavra certa é "possuíamos"?
Após a morte do Sr. Costa, seus dois filhos tentaram construir ali uma instituição de caridade, e sabe-se lá os motivos do projeto não ter ido adiante. Fato é que a casa foi a leilão, e o dono seguinte achou mais conveniente demolí-la, pois cogitava-se o tombamento pela UNESCO.
O prédio, que se situava na esquina da Rua João Manuel com a General Câmara, veio abaixo em 1994, para dar lugar àquela ridícula "caixa de fósforo" que abriga um banco. Pois é... "É lamentável, mas é o preço do progresso", como dizem os demagogos... Que pena...
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