Uma das maiores vantagens da internet é o fato de acabar com essa história de raridade. Coisas que julgávamos "preciosas" e exigiam-nos dispendiosos anos de garimpo em sebos e lojas especializadas, como o primeiro LP do Sérgio Malandro ou a coleção de figurinhas autoadesivas da Turma da Mara Maravilha (brincadeirinha, né), podem ser facilmente obtidas através de uma rápida pesquisa na rede. Não há nada que não possa ser transformado para o formato digital e se espalhar por esse mundão de forma nunca antes imaginada.
Pensando nisso, há algum tempo aguardávamos situação oportuna para postar esses documentos, duas preciosidades que, até então, permaneceram restritas à gavetas públicas e a um livro raro que, hoje em dia, tornou-se praticamente impossível de ser obtido.
O primeiro, trata-se nada mais, nada menos, do que o DOCUMENTO DE FUNDAÇÃO DA CRUZ ALTA, expedido pelo Capitão João José de Barros no ano da graça de 1821. Foram 28 os signatários, que atribui-se a condição de fundadores da cidade. Lembramos que, naquela época, as casas eram paupérrimas, construídas de pau a pique; a população crescia devagar; de tempo em tempo aparecia uma alma para aqui fixar residência. O documento foi assinado num domingo de Pentecostes e remetido à São Borja. Receberam autorização não apenas para erigir a capela, mas também para a construção de ruas, cuja medição foi feita por Antônio Pinto da Silva, comandante do Distrito. A primeira rua da cidade foi batizada de "Rua das Carretas". Décadas depois renomeada de "Rua do Comércio" e, atualmente, "Rua Pinheiro Machado".
Eis o documento, logo abaixo:
O TESOURO QUE CRUZ ALTA DEIXOU SE PERDER
O segundo achado - chamamos de documento devido ao seu valor histórico - pois trata-se, na verdade, de um quadro. Quando o historiador pernambucano Hemetério Velloso da Silveira esteve aqui pela primeira vez (anos depois acabou fixando residência), contratou o pintor Roberto Mondret, artista bastante renomado na época, para pintar o aspecto panorâmico da Cruz Alta (considerando que não havia sido inventado a fotografia).
Essa ilustração, que, inclusive, pouquíssimos cruz-altenses possuem conhecimento da sua existência, representa, de fato, um valor inestimável para a cidade, pois constitui-se no registro visual mais antigo que se tem notícia, datado entre 1840 a 1850. No quadro, vemos a primeira rua, a "Pinheiro Machado" em sentido horizontal, e as demais transversais, ainda em estado embrionário, em sentido vertical. Eis o quadro, em toda a sua glória:
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