Na manhã do dia 4 de outubro de 1930, Cruz Alta acordava com a notícia da revolução contra o Presidente Washington Luiz. As duas unidades militares da cidade entraram em combate. Pela madrugada, as tropas civis que cercavam a cidade tinham prendido e desarmado toda a oficialidade. Um tal de “Tenente Melo” resistira e acabara morto com tiros e facadas pelos revolucionários.
Erico e seu primo Rafael ficaram atentos para ver o que os vitoriosos fariam com o cadáver. Estavam na sacada do sobrado dos Verissimos, a observar o quartel ao longe, de binóculos.
Erico e seu primo Rafael ficaram atentos para ver o que os vitoriosos fariam com o cadáver. Estavam na sacada do sobrado dos Verissimos, a observar o quartel ao longe, de binóculos.
Quartel Militar
Depois de longa espera, viram alguma coisa sendo arremessada em um caminhão. Imaginaram que o Tenente Melo seria sepultado como um indigente qualquer. Os dois moleques decidiram ir ao enterro, num ato de solidariedade, pois um homem guerreiro que se portara com tanta bravura, não merecia tamanho desrespeito. Erico simpatizava com o movimento revolucionista, obviamente.
Erico e seu primo deixaram o sobrado e foram até a Praça da Matriz, mas acharam a Igreja fechada. Havia apenas um grupo de pessoas na esquina da praça, ao redor de um sargento que se gabava por ter rasgado o “bucho” de um pernambucano com seu facão.
Erico e seu primo deixaram o sobrado e foram até a Praça da Matriz, mas acharam a Igreja fechada. Havia apenas um grupo de pessoas na esquina da praça, ao redor de um sargento que se gabava por ter rasgado o “bucho” de um pernambucano com seu facão.
Praça da Matriz
Foi então que o primo de Erico perguntou em alto e bom som: “Já passou por aqui o enterro do Melo?” O sargentão se voltou para os dois e respondeu: “Quem tem vergonha na cara não vai ao enterro desse cachorro!”
Sem pensar muito nas consequências, Erico rebateu: “Pois fique sabendo que tenho vergonha na cara e é por isso mesmo que vou!” O sargento calou-se. Era um negrão alto e corpulento, com treinamento militar. Erico sempre foi franzino, baixinho e sedentário.
O sargento puxou o revólver e apontou-o para Erico Verissimo. Lembrem-se que, naquela época, por questão de honra, um gaúcho de verdade não podia fugir nem demonstrar acobardamento. Apesar de sempre ter sido frágil e medroso, Erico Ficou parado, encarando o oficial. Seu corpo dizia “Corra, guri”. Sua consciência dizia “Fique como um gaúcho macho!”.
Erico resolveu ficar.
Por sorte, haviam dois amigos do Erico por perto que, praticamente, se penduraram no braço do sargentão, fazendo com que o cano do revolver se voltasse para o chão. Mas o sargento era tão forte e estava tão furioso que acabou por arrastar os dois apaziguadores, que gritavam: “Vai embora, Erico! Vai embora! Este homem está louco!”.
As pessoas ao redor começaram a entrar em pânico. Dispersaram-se em várias direções. Erico permaneceu onde estava, fazendo de tudo para manter uma postura digna.
Outras pessoas resolveram intervir e acabaram arrastando o sargento para um banco da praça e conseguiram acalmar sua fúria. Erico permaneceu mais um tempo no mesmo lugar, deixando um intervalo para manter sua aparência impassível. Ele disse que estes foram os dois minutos mais longos de sua vida.
Então, para arrematar seu teatro, voltou-se para seu primo Rafael e finalizou: “Agora podemos ir embora, não achas?” Meteram-se no automóvel e, assim como o Senador Pinheiro Machado fizera, certa feita, Erico fez o mesmo: Disse para o chofer dirigir não tão depressa que pudesse parecer medo, e nem tão devagar que pudesse parecer provocação.
Para os dias seguintes, Erico ganhou um revólver para sua proteção, pois o sargento o havia prometido. Por sorte, o sargentão foi transferido para outra localidade.
Sem pensar muito nas consequências, Erico rebateu: “Pois fique sabendo que tenho vergonha na cara e é por isso mesmo que vou!” O sargento calou-se. Era um negrão alto e corpulento, com treinamento militar. Erico sempre foi franzino, baixinho e sedentário.
O sargento puxou o revólver e apontou-o para Erico Verissimo. Lembrem-se que, naquela época, por questão de honra, um gaúcho de verdade não podia fugir nem demonstrar acobardamento. Apesar de sempre ter sido frágil e medroso, Erico Ficou parado, encarando o oficial. Seu corpo dizia “Corra, guri”. Sua consciência dizia “Fique como um gaúcho macho!”.
Erico resolveu ficar.
Por sorte, haviam dois amigos do Erico por perto que, praticamente, se penduraram no braço do sargentão, fazendo com que o cano do revolver se voltasse para o chão. Mas o sargento era tão forte e estava tão furioso que acabou por arrastar os dois apaziguadores, que gritavam: “Vai embora, Erico! Vai embora! Este homem está louco!”.
As pessoas ao redor começaram a entrar em pânico. Dispersaram-se em várias direções. Erico permaneceu onde estava, fazendo de tudo para manter uma postura digna.
Outras pessoas resolveram intervir e acabaram arrastando o sargento para um banco da praça e conseguiram acalmar sua fúria. Erico permaneceu mais um tempo no mesmo lugar, deixando um intervalo para manter sua aparência impassível. Ele disse que estes foram os dois minutos mais longos de sua vida.
Então, para arrematar seu teatro, voltou-se para seu primo Rafael e finalizou: “Agora podemos ir embora, não achas?” Meteram-se no automóvel e, assim como o Senador Pinheiro Machado fizera, certa feita, Erico fez o mesmo: Disse para o chofer dirigir não tão depressa que pudesse parecer medo, e nem tão devagar que pudesse parecer provocação.
Para os dias seguintes, Erico ganhou um revólver para sua proteção, pois o sargento o havia prometido. Por sorte, o sargentão foi transferido para outra localidade.
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