quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

A primeira vez que Erico Verissimo escapou da "morte matada"

    Quando criança, Erico Verisimo foi acometido de algum tipo de doença, e escapou da morte por pouco. Mas não é esse o tipo de "morte" que estamos falando aqui.
   Muitos não sabem, mas o nosso grande escritor passou por, pelo menos, 3 graves contratempos, em Cruz Alta, que poderiam tê-lo extinguido muito antes de publicar o primeiro livro.
   A primeira vez, aconteceu durante a Revolução de 20. Naquela época, os tiroteios ocorriam subitamente a qualquer hora do dia. As famílias viviam apreensivas, evitando deixar suas casas. Dona Bega (mãe de Erico) não era diferente das demais. Tentava a todo custo coibir os filhos de deixarem o lar, principalmente, ao cair da noite.

   Todavia, certa feita, Erico Verissimo e seu irmão Enio, foram visitar o tio, que morava na mesma rua, duas quadras adiante.
Casarão do tio de Erico Verissimo

   Pois, a distração deveria estar boa deveras. Não é que a noite correu, e quando os dois irmãos deram acordo de si, já era onze e meia? 
   Enio e Erico voltavam para casa, pela Rua General Osório, em uma coversa descontraída, quando, subitamente, ouviram uma voz potente: "Alto lá!". As duas crianças petrificaram no ato. Eram dois soldados do corpo provisório local, armados de carabinas, apontadas para o peito deles.
   Um sargento, envolto de uma capa negra, se aproximou: "Não sabem que é proibido cruzar por esta calçada de noite?" Foi só aí que eles perceberam que estavam na Praça Firmino de Paula, de fronte ao Palácio da Intendência
   Os sentinelas estavam resguardando a prefeitura. Em época de Revolução é assim mesmo: algo se mexeu na moita? Atira pra matá!
 Rua General Câmara no ano de 1920, sentido leste - Para quem vai para a casa do tio de Erico.

"Da próxima vez eu mando atirar sem aviso!" berrou o sargento, com bafo de cachaça. O garoto Erico Verissimo respondeu que não sabia da proibição e pediu mil desculpas. Imaginem só: o coração deles deveria estar pulando pela boca! Felizmente, os cavaleiros franziram o cenho e deixaram os irmãos retornarem para casa são e salvos.
 Rua Gal. Câmara (1914) sentido contrário - Para quem vai da Praça Firmino de Paula para a casa de Erico Verissimo.

   E foi assim, em um distante inverno de 1923, que Erico Verissimo escapou da "morte matada" pela primeira vez.

  Continua...

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