sábado, 6 de novembro de 2010

DENÚNCIA: PATRIMÔNICÍDIO

     Hoje vamos falar pouco, mas mostrar muito. Como havíamos prometido semana passada, iremos agora, oficializar nossa grave denúncia de descaso por parte de nossos governantes, referente ao Patrimônio histórico/cultural de nossa cidade.
     Cruz Alta é uma das cidades do RS que mais possui prédios antigos, rico na arquitetura neoclássica, colonial e Art Nouveau. Nos anos dourados, foi apelidada de "A Pequena Paris" devido a sua arquitetura imponente e ímpar no Estado. Hoje, se continuarmos nesse ritmo, o máximo que conseguiremos, além de perdermos a única coisa de valor que ainda  possuímos, será o apelido de "O Pequeno Haiti", pois só nos restará escombros.
    Bem. Imagens valem mais do que palavras. Vejam por si só, a quantidade de prédios que vieram abaixo nos últimos anos (prédios de valor histórico, alguns do século XIX , outros do início do século XX), porém, todos de inegável valor arquitetônico.

1 - CASA DA FAMÍLIA MADEIRA
    A casa que ali existia pertencia à família Madeira. Foi aqui que nasceu Jorge Luiz Dorneles Madeira, pai do roteirista do Cruzaltino, Henrique Madeira.
 
2 - CASA COLONIAL DO SÉCULO XIX
    Após a abolição da escravatura, os negros que viviam em C.A. se viram mais desamparados que nunca. Não tiveram outra opção senão se refugiarem nos arrabaldes, formando as duas primeiras vilas da cidade, o Barro Preto e a Capoeira. Essa foto ilustra a entrada do antigo "Barro Preto". A casa que veio abaixo, provavelmente, fora construída no final do século XIX.

3 - "CASA DAS VARANDAS"
   Olhem só, que bela vista! No panfleto Turístico de Cruz Alta, está catalogado, com foto e tudo, a antiga e famosa "Casa das Varandas", que era um enorme sobrado, possivelmente do século XIX. Todavia, os turistas que procurarem o local, encontrarão apenas isso...

4 - CASA SCHULTZ
Eis outra casa que está no catálogo do panfleto turístico, mas se procurarmos por esse dito "patrimônio de nossa cidade" é isso que encontraremos por lá...

5 - CASAS COLONIAIS
   Essas duas casinhas, feitas praticamente de "barro", no estilo colonial, vieram abaixo para a construção de um prédio residencial, na Rua Presidente Vargas.

6 - CASA DO INÍCIO DO SÉCULO  XX
Aqui a casa estava já em vias de demolição. Poderia ter sido facilmente aproveitada, mas os proprietários preferiram demolir para construir uma pizzaria italiana...

7 - ARMAZÉM TOBIAS MIRANDA
Aqui funcionou, na década de 1910 ou 20, uma bodega de secos e molhados. Foi demolido numa facilidade,  sem burocracia alguma, como se tivesse sido construído em 1980.

8 - CASARÃO BARÃO DO RIO BRANCO
   Alguém viu um larápio andando por aí com um telhado nas mãos? Não? O teto sumiu de um dia para o outro. Gratifica-se quem o achar...

9 - CASARÃO DA ANTIGA "RUA DA AURORA"
   Será que adianta alguma coisa deixar a fachada? E quanto à arqueologia que poderia ser feita no pátio? O porão, o sótão e talvez peculiaridades em vestibulos, salas de viveres e portas internas da época?

10 - O MESMO ACONTECEU NA RUA VENÂNCIO AIRES

11 - UMA BELÍSSIMA AMOSTRA DA "ARQUITETURA SURREALISTA"
DA RUA PADRE PACHECO

12 - HOTEL DOS VIAJANTES (SÉC. XIX)
Quando da construção do prédio da ferrovia, em 1893, muitos hotéis  foram instalados ao redor da viação, para atender o fluxo crescente de viajantes que por aqui cruzavam.

 13 - PRÉDIO DE ESQUINA DO SHOPPING
Eis um quadro grotesco. Demoliram o prédio da esquina apenas para não permitirem que indigentes pernoitassem no imóvel abandonado há anos. Igualmente perturbador, é o fato de que esses escombros estão, praticamente, ao lado do Shopping Erico Verissimo.

14 - CASARÃO DOS MIRANDA
Eis outra incógnita. Alguém poderia nos explicar como um prédio dos anos 20, protegido automaticamente pelas "Leis" de Patrimônio Histórico, amanhece desse jeito? E olha que essa casa se situa na principal rua da cidade, no Calçadão I , Rua Pinheiro Machado. Patrimonicídio descarado, bem abaixo de nossos narizes!!!

 15 - Como era comum na época, as casas antigas emendavam-se umas nas outras, porém, aqui houve um pequeno rompimento...

16 - Lembram deste? O casarão de telhado alemão, da matéria anterior. Só para não perderem a conta!

17 - CASARÃO RICACHENEVSKY

18 - Uma rede de mercados também contribuiu para a nossa história, comprando dois prédios vizinhos para transformá-los em um lindo e necessário estacionamento, que mudou a vida de milhares de cruz-altenses que não tinham rua para estacionar... Eis o que aconteceu ao prédio da direita...

19 - Eis o prédio da esquerda...

20 - Prédio de esquina, no centro da cidade, demolido há muitos anos para não ser feito nada em seu lugar. Digamos que esse foi demolido apenas "para não perderem o costume"... 

21 - Greice Pozzatto conviveu, praticamente, metade de sua vida no casarão que aqui havia. Pertencia a uma de suas melhores amigas. Após a venda do imóvel, o prédio veio abaixo como num passe de mágica.

22 - E para quem achou que era só isso...
  
23 - Rua Barão do Rio Branco

24 - Rua Barão do Rio Branco (uma quadra adiante)
    Estes são apenas os recém-demolidos. Claro, não estamos mencionando as dezenas de PERDAS IRREPARÁVEIS que constituem verdadeira mácula na história da Cruz Alta, como: O Casarão Costa, o Sobrado dos Verissimos (onde Erico Verissimo passou infância, adolescência e os primeiros anos da fase adulta), o casarão Gomes, o sobrado de Josino Lima, a casa do senador Pinheiro Machado, a Quinta Portuguesa, a Igreja da Matriz (Que abrigava os sinos da Redução jesuítica de São Miguel), o prédio "Ao Baratilho Carvalho", o Teatro Carlos Gomes, o primeiro Colégio Venâncio Aires (fundado por Margarida Pardelhas e onde Erico aprendeu as primeiras letras), entre tantos outros. 
Mas como diriam os demagogos: isso é reflexo do progresso. Viram só o que é o estudo?

    Para finalizar, passaremos a bola para uma dupla cruz-altense que discursa com muita prioridade sobre o assunto. São dois jovens estudantes, Fernando Silva de Almeida e Jonathan Santos Caino,  que pretendem levar o resultado de suas pesquisas ao poder público municipal, na tentativa de reconhecer Cruz Alta como uma cidade arqueológica. Passem por lá, comentem e discutam o assunto, caso achem a Defesa do Patrimônio Histórico algo relevante. 

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